António Pascoal – reformado
As manhãs dos dias úteis a TV aberta (salvo seja), que normalmente já tem a profundidade de um dedal, é um deslumbramento, mais do que isso, é um assombro de profissionalismo.
Os programas são conduzidos por profissionais de televisão que utilizam uma linguagem que fará corar de vergonha o mais profícuo utilizador de palavras proibidas. Mas se ele não for suficiente capaz há sempre os convidados que não o deixam ficar mal. Até que ponto poderemos estraçalhar um texto, esfrangalhá-lo, reduzi-lo a escombros? Nestes programas a língua portuguesa é tão maltratada que prefiro o mister Scolari a afirmar que o vocábulo vitória deixou de existir na língua portuguesa. Reinam os astrólogos e uma pretensa filantropia lamechas e ruidosamente apregoada. A boçalidade impera. Até como mero entretenimento aqueles programas são intragáveis. Aliás o espectador mais incauto deve munir-se de WC pato e uma mola no nariz. Na RTP, um humorista coça a pança e outro assoa o nariz e o público aplaude, mas ao pé da concorrência as manhãs do canal 1 parecem um poço de cultura. Na TVI e na SIC dois cenáculos chafurdam na vida privada dos VIP, ou seja, gente que é famosa por ser célebre. Na TVI “conversas de quintal” debate a zanga entre namorados que saiu na Caras. Uma comadre rosna à colega “dá-me licença estou a falar”. Aqui o tom sobe, a voz incendeia-se, a fissura abre-se e o resto é como se fosse um meteoro oco. Na SIC grassa a tertúlia cor-de-rosa, vira o disco e toca o mesmo, fala-se da princesa Letícia e da sua gravidez anoréctica. Uma comentadora refere ao colega “Confessa que já deste por ti a desenroscar frascos de champô nas prateleiras do supermercado a ver se encontravas o cheiro da tua querida lá dentro e que depois os fechaste apressadamente para que ninguém te visse! Vá lá, confessa. Sentiste-te um parvo, um tolo”.
É mais difícil livrarmo-nos da estupidez do que de um boomerang. Esta gente não sai de lá nem por decreto, nem a tiro, nem mortos. São os VIP dos nossos dias. Esta indispensabilidade nacional é o produto do nosso povo. O que faz andar o país para a frente e o PIB para cima. Faz-me confusão como é que o Sr. Jorge Sampaio não condecorou esta gente (acho que foram os únicos que ficaram de fora). Estes programas são o orgulho dos directores de estação e são o esplendor de uma nação.
Ota
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